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Mostrando postagens de outubro, 2010

Histórias de Caroço

Do meu passado cavei um poço. Fechado, lacrado, sem fosso. Límpido, sem merda, nem cerdas, nem súbito. Eterno, sincero e único. E cavei com uma pá de sonho. De concreto, não tem nada. Lembranças são aumentadas por ideais limitados... A sua imagem formatada limpa, por mim, de seus defeitos. E que, assim, permaneça! Por você não pago o preço de te chupar até o osso correndo o risco de morrer de indigestão tal qual caroço de azeitona vomitado por bêbado de amor que engoliu o mundo pra se moldar em favor do sonho que julgava perfeito... E eu não te mereço. Só, mergulhei no ínfimo do oceano inteiro que é você. E, sinceramente, não sei se quero pagar pra ver... Vai que meu mundo desmorona e a gente, ao invés de rimar, se desencontra se descongestione e deixe de existir... e....você, eu já defini como único. Isso eu não quero perder... Não vou arriscar pular, quebrar o pescoço, me perder feito caroço de azeitona em boca de banguelo. O f

liberdade

Dar conceito é menosprezar, é se ater ao mínimo, reduzir ao ponto de secar tal qual árvore que nunca existiu mais que broto. Não deu sombra, não deu frutos nem sementes... nem madeira para simular sonhos em forma de balanço que fica ali, na família, por gerações... no galho de  outra árvore... Hoje, pra mim, ser livre é arriscar... e eu sou cativa do meu próprio medo. Não quero secar agora... pouco do meu verde não foi visto, sentido ou percebido nem por mim. e...eu quero ver a luz, quero me esconder no escuro tendo a certeza de ser, de novo, iluminada em seguida. Quero ter vida, sorrir de forma sincera e sem promessas de ser assim pra sempre. Quero florecer na primavera sorrir pro mundo em forma de flor, em cheiro de flor, com beijo de pétala no vento e lágrimas de chuva. Quero deixar de ser cativa do meu medo e ser cativada pelo meu sonho...

Vida

Se fosse para descrever o interno de mim a palavra mais forte seria: VAZIO. Quando eu estudava física passei a entender o vazio e arranjei, pra ele, um sinônimo: VÁCUO. Lá não tem ar, matéria, o som não se propaga... Porém, há pouco descobriu-se que o vácuo não existe. Nada no Universo conhecido pelo homem é totalmente vazio. E o interno de mim também não é. Existe um amor imenso, intenso, eterno e sem dono, que passeia aqui por dentro trombando nas paredes celulares, fluindo no meu sangue, se renovando em minhas trocas gasosas. No meu vazio, as colisões desse amor ecoam. Às vezes machucam, às vezes preenchem fendas. Às  vezes ele serve como anti-séptico e, às vezes, queima, gela, acalenta, tumultua... De tão imenso, nem o vazio do interno de mim impede que esse meu amor flutuante, viajante, fluido, barulhento, saia pelos poros, extravase minha derme, se molhe do meu suor e atinja um vazio alheio. Já dividi esse amor... mas a impressão que tenho

Origem

Detesto seu cheiro. Ele me dá nojo, medo, dor... A única coisa boa, sua, que tenho é um violão. Só que sinto seu cheiro o tempo todo, esse cheiro ruim, podre. E sinto mesmo estando meses sem te ver e, hoje, perdi o rumo ao perceber que esse seu cheiro está em mim. Sou parte de você. Talvez eu tenha herdado o seu pior.                                            Com exceção deste violão. Ao mesmo tempo que  te odeio, quero te ver... Preciso saber se você ainda respira, porque, mesmo de longe, sinto sua dor. Lembro seu odor... Percebo que sou suja, porque sou parte de você, podre de você. E o mais foda disso tudo é que eu te amo, pai. (escrito em agosto de 2008...e a dor, hoje, é idêntica)

Você

Paradoxo? Antítese? Cálida. Gélida. Tímida. Atriz. Amiga. Vilã. Doce. Amarga. Intensa. Superficial. Profunda. Efêmera... Pequena... Grande.. Eterna pra mim.