Limites Eternos
Traços e cheiros. Só os dois costumam ocupar os maiores espaços da minha história. E se a história começa com a escrita, eu assinei meu primeiro poema aos 12 anos. Traços e cheiros me desenham e seguram minha mão, desde então, para fazer o contorno de todos os meus devaneios. As curvas dos meus lóbulos viram meandros em correnteza quando minha memória viva fica ativa com algum cheiro Cheiro de chuva num cruzamento de asfalto fervendo em uma tarde quente e nublada. Cheiro de margarida com seiva pingando pela manhã. Cheiro de hálito. Cheiro de gosto de hálito. Cheiro de suor. Cheiro de alta temperatura de suor. Minha memória por cheiros ativada lembra curvas traçadas por meu tato. Traço da curva de um cabelo ao vento de um sorriso contido, de um sorriso aberto, de um corpo em movimento. Traço da curva de seus braços tentando conter meu choro num abraço. Nossas vidas traçadas por linhas tênues que impõem limites eternos.