Dicotomia
Será que um dia eu vou conseguir entender por que insisto em continuar acreditando nessas mentiras tão reais que invento? Será que vou ter coragem de arriscar o que tenho, o que me sufoca, o que eu definitivamente não quero, pra experimentar voar do meu jeito lá longe? Seria fuga? e se fosse, seria problema? pra quem? Será que um dia acordarei livre de tantas culpas das quais me apropriei sem ninguém me oferecer? e será que eu vou esperar você ir embora pra eu me desamarrar de mim mesma e assumir pro mundo (o meu) que você foi uma das poucas coisas realmente boas, realmente humanas, realmente sóbrias, ternas e, dicotomicamente, tátil e etérea que me aconteceu? Eu sou uma criança mimada e com muito medo do escuro.